Durante os últimos cinco anos em que vivi em São Paulo trabalhei como modelo. Foi neste mesmo período que iniciei meus estudos na faculdade de dança. Meu desejo de estudar dança era algo pulsante e antigo, e mesmo estudando teatro desde muito cedo sentia que não conhecia meu corpo como eu queria. Algumas coisas na sociedade querem mesmo fazer com que nos apartemos dele, como nos querem apartar da natureza. Era como se algo tivesse atrofiado em mim.
Neste mesmo período conheci e comecei a posar para Romero Cruz, através de uma parceria muito bonita. Em uma reunião ele me apresentou o projeto Paisagens Do Corpo, e o que mais me chamou atenção naquele momento era com Romero queria reconhecer e fotografar formas da natureza em meu corpo. Eu quis saber como seria. Então, de 2013 à 2017, ao menos uma vez por ano. Os ensaios eram o que sempre chamarei de aulas, onde pude me olhar e ver. Onde pude me despir com confiança e me reconhecer através da direção e olhar artístico deste profissional sensível que me apresentou um verdadeiro mundo.
Através de seu olhar pude ter dimensão de meu tamanho e potências. Da minha cor. Das minhas formas, da textura da minha pele.
Isso, aliado com meus estudos do corpo através da dança me fizeram enveredar mais pelos caminhos que me devolveram meu corpo. Não aquele corpo que a sociedade quer ver, mas aquele corpo que eu trago, com suas marcas e raízes. Minha ancestralidade. Eu estava me vendo por dentro e por fora.
Oz Ferreira